Bancário viciado no jogo saca um milhão de euros a clientes da Caixa Geral no Porto

Bancário viciado no jogo: Apostas online levam gestor de contas da Caixa Geral de Depósitos a desviar verbas para investir no jogo.

Hugo era gestor de clientes particulares da Caixa Geral de Depósitos, no Porto, quando começou a jogar em sites de apostas online, em 2015. Começou com 10 euros e dois meses depois já apostava mil euros. Ficou viciado no jogo e começou a desviar quantias de várias contas.

Segundo uma nota publicada na página da PGR-P, por despacho datado de 31 de maio, o MP imputou ao arguido 10 crimes de peculato; 11 crimes de falsidade informática; 11 crimes de falsificação de documento, um crime de burla qualificada e um crime de abuso de confiança qualificado.

O MP considerou indiciado que o arguido, de 2015 a 2017, enquanto trabalhador da Caixa Geral de Depósitos (CGD), com as funções de gestor de clientes particulares, se apropriou de 1.093.890 euros das contas bancárias de 15 clientes”, refere a mesma nota.

Bancário viciado no jogo: Como tudo começou

Em Julho de 2017, depois de deixar o emprego no banco, o arguido, alegando que se encontrava ainda ao serviço daquela instituição bancária; convenceu uma antiga cliente a passar um cheque de 50 mil euros. A pretexto de constituição num depósito a prazo. No entanto, acabou por apropriou-se do dinheiro, depositando-o na sua conta. Em pouco mais de dois anos, sacou 1,17 milhões de euros, que gastou em apostas na internet.

Contudo, já em novembro de 2019, nas funções de contabilista por conta de uma empresa e no âmbito das quais tinha poderes para movimentar contas bancárias usando dados e ‘password’ de acesso que lhe foram entregues. Portanto, o arguido ter-se-á apropriado de 23.410 euros, simulando que estava a pagar uma fatura de um fornecedor.

“Para o fornecedor não ficar sem o pagamento, o que conduziria a que o viesse reclamar, relata a acusação que o arguido fabricou uma outra fatura a partir de uma existente em arquivo, de outro fornecedor. No entanto com base nela, em dezembro de 2019, operou o pagamento como se feito a este fornecedor. Acabou por substituir o IBAN pelo daquele a quem queria pagar”, acrescenta a nota.

Conclui-se então:

De acordo com a acusação, o arguido “procedeu a levantamentos em numerário e a transferências para contas que titulava, aproveitando-se do acesso que as suas funções lhe permitiam aos elementos e saldos das contas de clientes e da autorização que tinha para aceder à aplicação informática que operacionalizava as operações bancárias dos clientes que geria”.

À PJ do Porto, confessou os crimes. Disse que não conseguia controlar o impulso de jogar e, não tendo dinheiro para este vício, foi retirando dinheiro das contas dos clientes. No entanto, tem sido acompanhado, desde 2017, na Psiquiatria do Hospital Magalhães Lemos, Porto. Aguardará assim o desenrolar do processo com tratamento no Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências.

Bancário viciado no jogo: OMS aconselha

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o problema como uma doença física e comportamental. Por outro lado, para a psicologia, o vício é um mecanismo de fuga emocional. O indivíduo usa-o para obter prazer e escapar da dor e dos problemas. Portanto, existem vários tipos de toxicodependência, cada um dos quais é prejudicial e em diferentes proporções.

O que diferencia um passatempo de um vício é o dano que o comportamento causa à vida do indivíduo. Contudo, quando a relação da pessoa com um tipo de jogo é patológica, ele deixará de ter controlo sobre os seus impulsos. O que afeta várias áreas da sua vida: valores pessoais, relacionamentos, vida profissional e financeira.